Estava ouvindo o Mamilos Pod, um podcast que traz discussões sociais e políticas excelentes e no final de algum deles (que eu não sei mais porque ouvi tudo de uma vez) a Ju, que é uma das hosts, recomendou o filme "A Delicadeza do Amor", um filme francês dirigido por David e Stéphane Foenkinos e estrelado pela eterna Amélie Poulain, Audrey Tatou. Em sua recomendação, a Ju diz que nós mulheres iríamos gostar imediatamente e que os garotos poderiam através dele entender a diferença entre os homens que ficam e os homens que passam nas nossas vidas. Esse comentário me fez parar tudo que estava lendo, pra semana de provas e ir correndo assisti-lo e não me decepcionei. Pelo contrário, adicionei mais uma obsessão à minha crescente lista. Não vou me prender aqui na sinopse, porque como assisto muitos filmes e já li muitos spoilers, hoje em dia me furto de saber qualquer coisa antes de ver um filme para não criar ou matar expectativas. Cansei de ser inundada com informações anos antes do lançamento e acho que todo mundo deveria parar um pouco com essa ansiedade maluca. Mas, para resumir de forma franca, a história é centrada em relacionamentos. como se formam e as sutilezas que nos fazem querer estar junto de uma pessoa.
Não vou me ater também a analisar criticamente o filme, até porque tem centenas de críticos que o farão com maestria ai pelas internets, mas tem coisas nele que me fizeram chorar muito refletir bastante sobre a dinâmica dos nossos amores. E aí vou ter que dar alguns spoilers mesmo, não adianta.
Primeiro, vemos que após a morte do François, o chefe charmosão e casado da Nathalie a leva para jantar num lugar mais refinado A impressão que eu tive é que aquele era um lugar pros velhos levarem as amantes, o que já é desconfortável demais mas o cara é o pior: força investidas e toques e o não a ouve. Parece querer devorá-la por causa de sua beleza e só. Ele merecidamente recebe um não, até porque é casado. E o louco é que na cabeça dele, ele é um cara legal mas mal compreendido e não entende como ela pode dispensar tamanha maravilhosidade. A questão é que Nathalie enxerga os detalhes e não se interessa em se envolver com um homem que mal a conhece e nem tenta se aprofundar em sua personalidade. E de fato encontro muitos homens que querem impor sua vida, ou só falam de si, egocêntricos e é complicado. Como estabelecer uma relação em que a troca é necessária? Não dá, e como a Nathalie, mando pastar mesmo.
E aí a gente vai conhecendo o Markus, que é o contraponto disso, um cara que vai conquistando o coração dela sem ser invasivo, aceitando as experiências dela e ouvindo-a verdadeiramente. Quando o presente dele foi aberto eu fui á lágrimas porque poxa, é o que eu digo sempre: não precisa comprar nada caro, ou manjado tipo flores ou bombons. O Markus, mais que um presente material, quis que Nathalie revivesse aquele momento que ela guardava com saudade e isso fez toda a diferença.
E é essa delicadeza que eu quero que esteja mais por aí. De perceber o outro, o que o outro sente.
Mais um filme para elevar as expectativas sobre os relacionamentos.